sinestesia.

. sexta-feira, 29 de maio de 2009



Livre na vastidão das andorinhas, no rasto que o vento deixa pelos topos dos pinheiros bravos, sob a íris azul dourada de um céu de fim de tarde.
Nenhumas mais ondas que os destemidos gritos da ínfima natureza, onde os trilhos rasgados ainda estão cobertos de alta urze, verdejando à fragrância de uma aragem que embala o sol, escasso já no horizonte.
É aí que o riacho chilreia com a pulsação das rolas, bicando ténues pedaços de vida, deitados por entre grãos de húmida terra, cruzada por vermes que subsistem.
E na ténue melopeia do orvalho matinal, caminho para fora da música, finda-se a utopia.

O precipitado loiro celeste é dilacerado por gritantes rudes cabos de alta tensão, negros como a lâmina de fuligem que arrepia os suspensos ácidos da disforme massa que encarniça o olhar.
Do cimo do monte, onde as fogueiras teimam em suturar o espírito sangrento de uma viva cidade desfalecida. Em todas as suas células, smog.

once, just this once.

1 comentários:

sónia disse...

Estivemos em sintonia.

 

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