blur.

. domingo, 14 de março de 2010





do infinito do mais azul dos céus, não cessam as cinzas de para a eternidade continuar a cair.
o sol aquece a terra, onde outrora haviam campos.
onde outrora haviam campos. hoje nada mais há que um mar de cinzenta neve, neve que cai das estrelas noite e dia sem findar.
neve que não é quente nem fria, neve cinzenta que é tudo o que resta das acendalhas deixadas em cima da mesa.


os fósforos jazem na mesma gaveta onde sempre estiveram, a caixa cheia como sempre esteve, são sóis que passam.
hoje dos sóis caiem cinzas, de fogos que nunca existiram.
existiram.


sol, sóis.
são eles que fazem brilhar as luas, são eles que nos queimam no seu calor, são eles que perfuram a escuridão e acariciam os campos.
são eles deuses, divindades, heroísmos e esperanças, salvamentos e victórias, aventuras.


no entanto, das estrelas que banham a noite e do sol que aquece o dia, nada há mais do que cinzas que caiem, desfocadas, no horizonte, por entre vultos.
foco há pelo desfoco, detalhes básicos de caras e memórias que culminam em meros diagnósticos.


é tudo o que se encontra focado, num quadro branco, vazio; algures numa sala sem porta ou detalhes, algures numa sala sem oxigénio onde há algum tempo estou sentado, vazio, diante do quadro: morto, vivo, semicerrado.
pistas contraditórias e razões inversas, neve que cai pelo céu azul de fogueiras que nunca foram acesas, guerras quando nunca chegou a haver paz.


e as armas perdem-se na neblina, erguem-se sorrisos afirmativos que se desvanecem desfocados.
desfocados em foco.
hei-me já louco e boémio, hoje velho sujo dos seus próprios restos mortais.


o sol chora cinzas, a neve não é fria, sorrisos pelo meio de disparos certeiros.
pilhas de cartas incógnitas que se desvanecem sem surpresa por entre as surpresas.


insipidamente anestésico, quanto baste.


"if you gotta run, run from hope."



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